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sexta-feira, julho 18

Rumo à incerteza 

Temos sorte. Vivemos os tempos mais interessantes de sempre da humanidade. Nunca a evolução técnica e científica foi tão grande e rápida quanto hoje, nunca tanto mudou tão rapidamente. Cada nova descoberta, cada novo gadget traz consigo uma revolução que muda para sempre a nossa maneira de agir. E abre a porta para muitas outras revoluções. Tudo está no início, por inventar, por aplicar, somos os pioneiros dos próximos brave new worlds. O computador. As telecomunicações. A Internet. As redes sem fios. As biotecnologias. A robótica. A miniaturização. Tudo o resto. As revoluções sucedem-se diariamente, e pela primeira vez na história podemos assistir a tudo em directo, com todo o pormenor. Mas ainda a procissão vai no adro.

Um exemplo. Dentro de muito pouco tempo, a maioria das pessoas terá permanentemente no seu bolso um telemóvel com câmara de vídeo, ligação rápida à internet e a possibilidade de descarregar por exemplo para um blogue pessoal aquilo que está a acontecer à sua volta. Texto, voz, som, imagens, video. Tudo isto é hoje possível, mas ainda não chegou à maioria das pessoas. Está quase a chegar. Pela primeira vez, quando alguma coisa acontece no mundo, vai haver alguém logo ao lado a registar tudo com uma câmara e instantaneamente a deixar tudo na internet para os outros verem/ouvirem/lerem. O desvio de um avião por terroristas em directo. Por instantes, qualquer um de nós poderá ser uma CNN ou BBC. Isto vai mudar o mundo das notícias para sempre. E a sociedade também.

Estamos a mudar radicalmente esta sociedade mundial constituída por uma rede de indivíduos inteligentes que reagem à informação exterior e que interagem uns com os outros em função dessa informação. Antes, a informação era essencialmente de proximidade, hoje em dia é cada vez mais global e isso muda tudo. Como um peixe que reage ao sinal de perigo enviado por um outro peixe situado na ponta oposta de um enorme cardume. Como aconteceu com a pneumonia atípica.

Temos azar. Vivemos nos tempos mais perigosos de sempre. Sobre nós pesa a responsabilidade de decidir o melhor rumo para a humanidade, em tempos onde ela está a mudar a ritmo avassalador e onde ela tem um impacto cada vez maior em tudo o que a rodeia. Infelizmente, não compreendemos quase nada da dinâmica da sociedade. Não sabemos como ela se comportará se mudarmos a topologia da rede e o fluxo de informação. E basta um bit para mudar a sociedade. Os iraquianos têm armas de destruição em massa e pensam usá-las. Sim ou não?

Compreender a dinâmica da sociedade é demasiado complexo para uma mente humana isolada, mas talvez muitas mentes humanas, pensando organizadamente com vista a um mesmo fim, a pudessem compreender em parte. No entanto, a inteligência da sociedade mundial actual vista como um todo é pequena, certamente menor do que a soma das partes quando poderia ser muito maior. Basta ver a eternização do problema da pobreza e da fome. Nós, ínfimos neurónios nesta enorme rede social, ainda não nos sabemos organizar para procurar compreender juntos o futuro.

A humanidade é um carro guiado por formigas, cada vez a maior velocidade. Umas poucas influenciam todas as outras, mas a maioria praticamente não conta. Nenhuma compreende o todo. Muitas estão no acelerador, algumas no travão, outras nas mudanças, outras no volante... Conseguiremos com este rumo incerto chegar ao El Dorado sem que falte o combustível, ou vamos chocar antes disso?




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