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terça-feira, novembro 4

nevoeiro 

Ora esconde ora deixa ver as formas, cria e sopra imagens impossíveis, os vales cobertos de branco, escorrendo, o relevo tornado plano, a terra libertando vapores aprisionados durante o dia anterior aos primeiros raios da manhã, a linha do horizonte que é transportada desde o infinito distante até à nossa frente, mas do mesmo modo intocável. Tudo solta, liberta a imaginação, nada mais nos distrai no essencial, nada mais do que branco, nada mais do que o que se entrevê não-vê. É frio e húmido, provavelmente a mistura mais mortal, não nos permite dispensar da presença do nosso corpo, esquecer a nossa existência em matéria, à falta de realidade exterior, somos nós que ficamos reais.

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