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domingo, janeiro 18

Tanta incerteza e tão pouco tempo... 

Os homens ocos

Somos os homens ocos
Somos os homens atulhados
A definhar juntos
Cascos repletos de palha. Ai!
As nossas vozes mirradas, quando
Sussurramos juntos
São silenciosas e sem sentido
Como vento em vidro enxuto
Ou patas de rato em vidro partido
No nosso árido cubículo

Formato sem forma, tonalidade sem cor
Poder paralizado, gesto sem movimento

Não estão aqui os olhos
Não há olhos aqui
Neste vale de estrelas moribundas
Neste vale vazio
Esta garganta partida dos nossos reinos perdidos

Neste final de lugar de encontro
Nós tacteamos juntos
E evitamos a linguagem
Reunidos nesta praia do túmido rio

Entre a ideia
E a realidade
Entre o gesto
E o acto
Cai a Sombra

Entre a concepção
E a criação
Entre a emoção
E a réplica
Cai a Sombra

Entre o desejo
E o espasmo
Entre a potência
E a existência
Entre a essência
E a linhagem
Cai a Sombra

Esta é a forma como se acaba o mundo
Esta é a forma como se acaba o mundo
Esta é a forma como se acaba o mundo
Não com um estrondo mas com uma lamúria

"The Hollow Men" de T.S. Eliot
(tradução pessoal, mais ou menos livre, de alguns versos)

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