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segunda-feira, julho 18

A Geografia da Pobreza 

Actualmente, mais de oito milhões de pessoas espalhados pelo mundo morrem todos os anos porque são demasiado pobres para se manterem vivas. A nossa geração pode optar por pôr fim a uma tão extrema pobreza até 2025.» Quem o afirma categoricamente é Jeffrey D. Sachs, consultor de líderes mundiais, director do Instituto da Terra da Universidade de Columbia e conselheiro pessoal do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, para os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. O The New York Times admite que seja «o mais importante economista» vivo, a Time incluiu-o na lista das cem mais influentes figuras do planeta. Quem diz – e demonstra como, no seu recente livro, O Fim da Pobreza – que é possível, no nosso tempo, deter este genocídio silencioso não é daqueles que se descartam facilmente colando-lhos na testa o rótulo de sonhador.
Sachs é, sim, um visionário. Mas o que vê, viu-o primeiro, bem acordado, ao longo dos 30 anos em que calcorreou o mundo como uma espécie de João Semana da economia. Aliás, foi em 1985, ao ser chamado pelo Governo da Bolívia para ajudar a controlar uma hiperinflação de 24 mil por cento – conseguiu, claro –, que percebeu pela primeira vez que, embora na altura fosse professor em Harvard, os conhecimentos que tinha eram livrescos e teóricos. Quando teve de meter a mão na massa da realidade, rapidamente descobriu que precisava de novos métodos de análise e de novas formas de abordar as questões.
Ter estudado de perto o caso boliviano, levou-o a pensar na necessidade de uma verdadeira economia do desenvolvimento, construída a partir dos princípios de algo a que chamou uma economia clínica. Ou seja, de uma ciência que deixe a distância fria dos gabinetes e, tal como a medicina, se aproxime do «corpo económico» que se propõe tratar. Casado com uma médica, Sachs sabe bem quanto depende de uma boa observação, de bons exames e de um bom diagnóstico; e tudo a tempo e horas, num timing adequado à gravidade da doença que urge tratar.
Por isso, no caso da Bolívia, quando olhou em volta reparou em várias coisas: que a baixa do preço do estanho no mercado internacional lançara cinco sextos dos trabalhadores das minas no desemprego; que a intervenção militar dos EUA contra a produção e o tráfico de coca deixara muitos camponeses na miséria; e, numa percepção que iria afectar toda a sua visão futura, que o país, sem acesso ao mar, tem uma boa parte do seu território, onde se concentra cerca de 75 por cento da população, no topo da cordilheira dos Andes, a altitudes médias de quatro mil metros.
Este «simples» facto determinou boa parte da história económica boliviana: os custos de transporte e de escoamento para o mercado internacional são de tal modo altos, que só bens com uma elevada cotação no mercado internacional aguentavam a «sobretaxa»: no tempo colonial, o ouro e a prata; depois da independência, e por períodos mais ou menos breves, a borracha, o estanho, os hidrocarbonetos e, finalmente, a coca.


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