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terça-feira, janeiro 1

Um ano, de novo 

Cada ano repetia de novo as suas quatro estações. Era a Primavera que enchia árvores de leves folhagens verdes, e espalhava nos campos a multidão das papoilas. Então as andorinhas voltavam e tudo se enchia de flores que baloiçavam docemente nas brisas transparentes. Depois o Verão chegava, os dias cresciam, o ar povoava-se de perfumes, as abelhas zumbiam em roda dos cachos de glicínias. Rosas, narcisos, cravos e túlipas desabrochavam nos canteiros. O jardineiro levava todas as manhãs à cozinha grandes cestos cheios de fruta: primeiro eram cerejas e morangos, depois pêssegos, ameixas e peras. Um pouco mais tarde apareciam figos e uvas. Então começava o Outono. Os dias ficavam mais curtos e mais doirados, as vinhas eram vindimadas, dos castanheiros caíam os primeiros ouriços verdes, nos jardins havia dálias e crisântemos, o chão cobria-se de folhas amarelas e secas que se desprendiam uma a uma dos altos galhos das árvores e tombavam lentamente dando voltas no ar. De repente um grande vento cinzento varria a quinta, ouvia-se ao longe o ronco furioso do mar e começava o Inverno. Chovia sem parar durante uma semana. Quando parava de chover começava o frio. Apareciam muito brancas as primeiras camélias. Cada dia era mais curto do que o da véspera. Os plátanos e as tílias, despidos das suas folhas, erguiam no céu pálido os seus galhos nus. Até que a água dos tanques gelava e de manhã, quando Isabel ia para o colégio, os caminhos estavam cheios de geada.

(excerto de "A Floresta", Sophia)

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