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quinta-feira, junho 25

Inércia(s) 

Provavelmente é porque me sinto com uma enorme inércia que me ocorreu que isto há conceitos físicos mesmo espantosos, versáteis, giros, fixes, porreiros (pá!?), bacanos ou até mesmo tchan (isto existe?). A inércia é um deles! Desconheço a origem do conceito: não sei se migrou do senso comum para a física (o mais natural), ou se nasceu de parto natural no seio da dita ciência. Sinceramente, no meu actual estado de espírito, essa é questão não me interessa nada, ou como diz o povo na sua alta sabedoria "não interessa nem ao Menino Jesus" - expressão, aliás que tem o seu quê que merecia ser reflectido. Mas bem, voltando à vaca fria, a inércia é um daqueles conceitos cuja aplicação transcende em muito a realidade meramente mecânica. Desde logo, a forma como inicio esta prosa. Mas também as inúmeras aplicações em áreas diversas. Por exemplo, no mercado de acções é usado para explicar/prever determinados comportamentos de preços. Mas a aplicação na dinâmica de sistemas sociais é uma das que continua a maravilhar-me. E, por isso, são também demasiadas as vezes que me espanto como é que é possível fazer equações (mentais) sobre processos humanos e sociais em que a inércia não é tida em conta. Seja para iniciar um processo, seja para o parar ou simplesmente modificar. Muitas vezes resume-se o conceito a resistências de classes, a interesses corporativos os quais podem ser alterados por via legislativa ou por regulamentação superior. Parece-me que pensar desta forma é desconhecer o conceito e as suas consequências. Ninguém ousaria parar um comboio em movimento mesmo em pequena velocidade, nem tampouco obrigá-lo a fazer uma curva. Com a ajuda de dispositivos apropriados tais tarefas seriam possíveis mas sempre com determinadas limitações: o espaço para parar o comboio não poderia ser extremamente reduzido nem as curvas poderiam ser tão "apertadas" quanto se desejasse.
Parece-me que a natureza social segue regras que não devem ser muito diferentes das que encontramos na física. E, se for assim é preciso que quem se proponha a alterar por via externa os processo humanos (e.g. a organização de um país) tenha em conta que inflexões demasiado bruscas exigem uma enorme quantidade de energia (outro conceito "fabulástico") e as consequências são muitas vezes imprevisíveis. Manter o comboio no trilho, obrigando-o a curvar quando deve e a parar nas estações só pode ser feito por quem sente o poder da inércia!

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