<$BlogRSDUrl$>

sexta-feira, abril 30

"Eu sigo o meu plano e sou fiel a ele" 

"O futuro das estátuas", René Magritte

Etiquetas:


Projecto "Trilhos" estreia em Coimbra 

(texto via Ideias Concertadas)

Por que é que há estalactites a crescer nos Arcos do Jardim? Quem é a misteriosa autora do mau-cheiro que, de vez em quando, se sente nas imediações do Teatro Gil Vicente? E como é que o próprio ar protege o ferro da Porta Férrea de oxidar? No dia 2 de Maio, os mistérios e as surpresas da Química dão o mote a um passeio em que crianças e famílias vão poder olhar a cidade de Coimbra com outros olhos. Uma cortesia do Museu da Ciência da UC.

É um odor que desagrada até aos narizes menos sensíveis e está ali, de tempos a tempos, num dos recantos da praça mais famosa de Coimbra, junto ao Teatro Académico de Gil Vicente. Certamente muitos transeuntes já o terão atribuído aos excessos da boémia estudantil, mas não poderiam estar mais longe da verdade. A autora do delito chama-se Ginkgo Biloba, tem ascendência chinesa e é... uma árvore. No dia 2 de Maio (domingo), crianças e famílias vão sair à rua à procura deste e de outros surpreendentes mistérios da Química que se escondem por trás de alguns dos recantos mais emblemáticos da cidade. Uma cortesia do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra.

A iniciativa marca a estreia do projecto "Trilhos", um conjunto de passeios pedestres que pretendem dar a conhecer, uma vez por mês e pela voz de investigadores da Universidade de Coimbra, os segredos científicos mais-bem guardados das ruas da cidade.

Por que é que a Ginkgo Biloba produz um cheiro tão desagradável? Como explicar as estalactites que teimam em crescer no célebre aqueduto dos Arcos do Jardim? E como é que o ferro da Porta Férrea, um dos ícones da Universidade, resiste há quase 400 anos sem significativos vestígios de corrosão? Que tipo de química "surpreendente" podemos, afinal, encontrar fora dos edifícios, nas ruas e nos jardins?

"A surpresa começa com o óbvio: a química está em todo o lado, de tal forma que quase não o notamos", avança Sérgio Rodrigues, o investigador da Universidade de Coimbra que conduzirá a visita guiada pela química da cidade. "No entanto, por
variadas razões há uma atitude social algumas vezes negativa para com a química. Tanto em relação aos seus resultados como em relação a carreiras profissionais que a envolvam. Ora isso não poderia estar mais longe da realidade. A química está na primeira linha da investigação e desenvolvimento de novos medicamentos e invenção de novos materiais, controlo da qualidade e combate à poluição", sublinha.

Da pia da pólvora do Laboratorio Chimico à Porta Férrea, passando pela Rua Larga, as famílias vão sair à rua durante uma hora à procura das moléculas e materiais que nos rodeiam e das histórias curiosas que têm para contar.

"Uma história interessante com a qual irá começar o passeio faz parte da própria história do Museu da Ciência. É a da pia que foi usada para fazer pólvora durante as invasões francesas e dos desinfectantes de cloro, ambos da responsabilidade de Tomé Rodrigues Sobral, um químico do início do século XIX, professor da Universidade de Coimbra", revela Sérgio Rodrigues, do Departamento de Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e autor do blogue 'Percursos Químicos' (http://percursosquimicos.blogspot.com).

O "Passeio com a Química" é o primeiro de uma série de trilhos que permitirão às famílias revisitarem Coimbra através do olhar da ciência. No dia 6 de Junho, será a vez do investigador Francisco Gil dar a conhecer os segredos da física. A 4 de Julho, terá lugar um passeio com a botânica, sob a orientação de António Coutinho, da FCTUC.

"O projecto 'Trilhos' convida-nos a 'ver o que o outro vê'. Em inglês, existe a expressão 'colocar-se nos sapatos de alguém', que significa sentir o que o outro sente. Nos 'Trilhos', o cientista-guia vai emprestar-nos o seu olhar, os seus óculos de especialista, para podermos ver o mundo como ele o vê", explica Carlota Simões, do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra. "É simplesmente mais ciência em família. Desta vez, vamos sair do laboratório para fazermos observações e experiências ao ar livre", explica.

A participação nos passeios custa três euros por pessoa e requer marcação prévia (telefone: 239 85 43 50). Para mais informações, os interessados poderão consultar o site do Museu da Ciência (www.museudaciencia.org).



PROGRAMA

2 de Maio | PASSEIO COM A QUÍMICA
Sérgio Rodrigues (Dep. de Química da FCTUC)
O primeiro passeio tem como tema a Química. Da pia da pólvora do Chimico à Porta Férrea, passando pela Rua Larga, vamos sair para a rua à procura de algumas moléculas e materiais que nos rodeiam e das histórias curiosas que têm para nos contar.


6 de Junho | PASSEIO COM A FÍSICA
Francisco Gil (Dep. de Física da FCTUC)


4 de Julho | PASSEIO COM A BOTÂNICA
António Xavier (Dep. de Ciências da Vida da FCTUC)

MAIS INFORMAÇÕES
- preçário geral do Museu
- 11h00-12h00
- marcação prévia

quarta-feira, abril 28

Credibilidade e surrealismo 

Para "reforçar a confiança na economia portuguesa", um dia após o duplo downgrade da S&P, quando se diz que "Portugal will follow Greece in having its debt downgraded to junk", o governo assinou o contrato de concessão Pinhal Interior, que inclui vários quilómetros de auto-estrada lado a lado com outras já existentes.



Com tantos tantos tantos tantos tantos tantos e tão belos (e caros?) vídeos da MOPTC TV, percebe-se bastante melhor como chegámos aqui.

Será que a estátua "espoir-desespoir" de Olivier Deschamps existe mesmo? 

Desde há algum tempo que tenho procurado verificar a existência da estátua "espoir-desespoir" de Olivier Deschamps representando uma mãe com uma criança nas mãos, as quais se moveriam em conjunto com as variações de temperatura. Esta estátua terá sido sido feita de uma liga metálica de níquel-titânio que apresenta memória da forma. É verdade que este material existe já há algum tempo, sendo usado, por exemplo, em armações de óculos, aparelhos dos dentes e sensores de fogo. Para além disso a sua química e física é bem conhecida [1,2]. No entanto, continuo a não conseguir verificar a veracidade da existência real estátua.

A primeira vez que li sobre esta estátua foi num livro de química dos materiais [2] no qual há uma fotografia de muito má qualidade que é igual à do powerpoint de onde retirei a que apresento aqui. A presença da fotografia no livro é indicada como sendo cortesia do autor da escultura.

É de notar que no livro aparece uma fotografia com todos os autores lado a lado na qual é indicado que estes nunca se encontraram pessoalmente. Acresce que uma parte deles são também autores do artigo referido [1]. E que, neste artigo, na referência 12, é citado Olivier Deschamps, mas esta referência não parece corresponder a qualquer jornal científico conhecido.

Será uma piada entre especialistas? Será um logro que as pessoas citam sem verificar? Será que o autor fundiu a estátua e despareceu?

Também achei algo curioso a semelhança do nome Deschamps com Duchamp e serem associados em vários textos da internet. Além disso, na internet podemos encontrar pelo menos um Olivier Deschamps mas o único artista parece ser fotógrafo.

[1] K.R.C. Gisser, M.J.Geselbracht, A. Cappellani, L. Hunsberger, A.B. Ellis, J. Perepezko, G.C. Lisensky, Nickel-Titanium Memory Metal J. Chem. Educ. 71 (1994) 334.

[2] A.B. Ellis, M.J. Geselbracht, B.J. Johnson, G.C. Lisensky, W.R. Robinson, Teaching General Chemistry. A Materials Science Companion, American Chemical Society, Washington, DC, 1993.

sexta-feira, abril 23

Etnocentrismo e relativismo 

O etnocentrismo, dizem-nos, é um erro que devemos evitar. Que não devemos achar que a nossa civilização é melhor que a dos outros. Entretanto, outros contrapõem com o perigo do relativismo moral. E, de facto, se estamos dispostos a aceitar burkas e minaretes, talvez não estejamos dispostos a aceitar a mutilação genital, casamento de adultos com crianças, apredrejamentos públicos, ou outras especificidades civilizacionais.

Infelizmente penso que não conseguiremos nem fugir ao etnocentrismo nem ao relativismo moral, no primeiro caso porque não podemos sair de dentro de nós próprios e ser outros e no segundo caso porque não é fácil evitar todas as hipocrisias e equívocos de que a civilização sempre se reveste.

É interessante notar que ao aceitarmos que nos outros países devemos respeitar os seus costumes, ao mesmo tempo que colocamos a possibilidade de que os outros possam não respeitar os nossos é, de alguma forma, achar que somos melhores do que eles porque temos os valores do respeito e da tolerância e eles não. Ou que continuamos a ser melhores do que eles porque num passado, às vezes não muito longínquo, fomos cruéis ou impusemos os nosso costumes mas agora temos muito mais cuidado e já não o fazemos. E no entanto eles vêem-nos também através dos seus etnocentrismos talvez como moralmente fracos, hipócritas e não tolerantes por mais que queiramos não o ser. Em última análise tudo ista acaba por ser uma questão de relações de poder e do estabelecimento de uma prática de normalidade civilizacional que possa conviver com as diferenças e aceitar que o outro tem que aceitar o outro que tem que aceitar o outro e assim por diante... o que corresponde numa imagem matemática, a uma série infinita e divergente!

[a primeira versão deste texto tinha vários erros que corrigi agora, espero]

terça-feira, abril 20

"A boa governação de José Sócrates" 

Uma imagem vale mais do que mil palavras e esta obtém-se num segundo, basta clicar sobre Portugal no site do FMI. A imagem mostra a evolução do crescimento real do PIB (clicar para ver melhor). No final dos anos 80 e início dos anos 90, a nossa economia (linha laranja no gráfico) crescia acima da média mundial (linha cinzenta). Na última década cresceu abaixo da média mundial e nos próximos anos, tão longe quanto se pode prever e não entrando com o cenário de bancarrota, continuará a crescer a um ritmo muito inferior do que o resto do mundo.

As pessoas que nos têm dito que somos bem governados podem explicar esta aparente contradição? Uma boa governação não devia melhorar a nossa competitividade internacional?

Adenda - Comparação com a União Europeia.

segunda-feira, abril 12

"Portugal foi dos países que melhor resistiu à crise mundial" 

“A maldição” (René Magritte, 1960)


O observador deste quadro surrealista pode questionar-se: como pode um céu tão bonito representar uma maldição? Pode algo ser o contrário do que parece?


Sim. Por exemplo, debrucemo-nos na frase do nosso PM (que reproduzi no meu post anterior - minuto 11:00 do vídeo): “Foi uma crise séria, a maior crise dos últimos 80 anos. Portugal foi dos países que melhor resistiu a essa crise. Quero salientar que Portugal foi senão o quarto o quinto país, que resiste melhor à crise financeira e económica mundial.”. Quando ouvi isto, estranhei. Será verdade? Ou a realidade será precisamente o contrário?

Repare-se na forma como o nosso PM justificou a afirmação que fez (aparece logo a seguir no vídeo). Recorre a uma estatística, escolhida a dedo (no meio de tantas desfavoráveis): “Nós tivemos um decréscimo de 2,7, enquanto toda a Europa teve um decréscimo médio de 4%.”. Esqueçamos o facto de Sócrates não dizer qual é o indicador que está a usar: percebe-se que é o Produto Interno Bruto (PIB) de 2009. Esqueçamos também o facto de dar a entender que Portugal é o 4º ou 5º país do mundo que melhor resistiu à crise, quando na realidade está a falar do 4º ou 5º da União Europeia, um leque muito menor de países.

Pode esta menor contracção do PIB em Portugal justificar a afirmação de que Portugal resistiu melhor à crise do que esses países? Qualquer pessoa pode constatar neste site da OCDE que não, porque então pelo mesmo argumento a Grécia seria o 2º país que melhor resiste à crise mundial! Sim, a endividada Grécia, de que ouvimos falar todos os dias porque é o país da União Europeia que mais está a sofrer com a crise global (e que diz que nós seremos os próximos) e sobre a qual se especula se não entrará em bancarrota, a Grécia apresentou em 2009 uma redução do PIB melhor do que a nossa, a 2ª melhor da Europa (-1.1%). No entanto não vimos o primeiro ministro grego a tranquilizar os mercados usando o indicador que o nosso PM usou!

Esta flagrante oposição entre a realidade que vivemos e o bonito quadro que o nosso PM nos pinta sistematicamente faz-me lembrar “A maldição” de Magritte.

Mas há mais: segundo o mesmo site, se a variação do PIB fosse, como o nosso PM diz, uma medida da nossa resistência à crise, então esse mesmo indicador nos diria que em 2011 Portugal seria afinal o 4º ou 5º país que pior (e não melhor) resiste à crise mundial, ou seja, a oposição perfeita! (Já agora, convém dizer que os 5 países da União Europeia que a OCDE prevê que tenham a pior variação de PIB em 2011 são Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha: os célebres PIIGS.)

O mais bizarro é vermos precisamente as duas pessoas de quem normalmente o nosso país mais precisaria para transmitir credibilidade e confiança na nossa economia ao exterior, o primeiro-ministro e o ministro das finanças, enterrarem-se desta maneira tentando dar uma falsa imagem da realidade económico-financeira do nosso país. Ela pode ser suficiente para convencer muitos tugas como eu, que pouco percebem de economia, mas não me parece que convença os especuladores, que mais facilmente detectam e exploram estas inconsistências dos governantes com a realidade. Pensar que este anúncio foi feito num momento extremamente delicado de instabilidade financeira, com as atenções das bolsas centradas na apresentação do PEC Português, um dia depois da diminuição do nosso rating ter feito notícia em todo o mundo, é surrealista pelo risco a que estivemos (e ainda estamos) sujeitos.

Coloca-se agora a questão de se saber se o nosso PM disse aquela frase realmente convencido de que estamos a resistir melhor à crise, ou se, pelo contrário, sabia que a realidade é praticamente o oposto do que referiu e deliberadamente quis iludir as pessoas.

A primeira hipótese é a que mais me enche de calafrios, pois implicaria que 1) o nosso PM e a equipa que o aconselha ao nível financeiro/económico não se teriam dado conta de que afinal a actual situação económica do país não é a 4ª ou a 5ª melhor, 2) não teriam tido o mínimo de competência exigível para fundamentarem devidamente afirmações extraordinárias que fazem em momentos delicados (com contradições que evidenciam um desconhecimento atroz da evolução do PIB da Grécia e de Portugal no contexto da União Europeia, facilmente detectáveis até por um tuga como eu) e 3) estariam a tomar decisões importantes para o futuro do nosso país com base no pressuposto errado de que "Portugal foi dos países que melhor resistiu à crise mundial".

A segunda hipótese parece muitíssimo mais verosímil. Ambas requerem que o nosso primeiro ministro se explique de forma objectiva e completa, sem reescritas da história e sem as fachadas e fugas para a frente que utiliza sistematicamente para se escusar a dar as explicações que deve aos portugueses.

Etiquetas: ,


sexta-feira, abril 9

A guerra sem quartel do consumo 

Vale a pena passar os olhos pelo relatório preliminar de Dezembro de 2009 da Autoridade da Concorrência intitulado Relações Comerciais entre a Grande Distribuição Agro-Alimentar e os seus Fornecedores. Está lá tudo o que já ouvimos falar sobre o tema e muito mais: desde as práticas e técnicas pouco leais e assimétricas sobre preços e colocação nas prateleiras até à clonagem de produtos inovadores por marcas brancas impedindo o fornecedor de ter preços mais baixos nos produtos originais! Eu que sou consumidor de marcas brancas, já andava desconfiado dessas técnicas por nos supermercados muitas vezes os produtos de marca desaparecerem e só aparecerem os de marca branca...

Para além de ser lesado o consumidor com estas técnicas, há dois problemas mais graves para a economia: (i) a cada vez maior assimetria de informação e da correlação de forças entre produtores e comércio (ii) o crónico agravamento dos problemas de dependência de subvenções públicas dos produtores e fornecedores, levando indirectamente a uma drenagem dos subsídios para os lucros do comércio. O primeiro tema é eloquentemente tratado no relatório referido e não vale a pena dizer muito mais sobre ele. O segundo é um problema comum a toda a União Europeia: os produtores agrícolas são altamente subsidiados (veja-se por exemplo esta listagem de apoios dados pelo Ministério da Agricultura no primeiro semestre de 2009). Não discutindo possíves desperdícios, ineficiências, engenharias financeiras, proliferação de entidades subsidiadas que representam os mesmos produtores, entre outras questões também importantes, parece claro que os produtores são subsidiados para sobreviver, enquanto que o grande comércio se aproveita disso para maximizar os lucros. Assim, uma boa parte dos impostos e endividamento externo usados para subsidiar os produtores acaba por chegar aos lucros das grandes superfícies e todos nós acabamos lesados.

Se o problema fosse fácil de resolver já o tinha sido feito, claro. Então, o que é que nós consumidores poderemos fazer para não deixar que a situação fique pior, ao mesmo tempo que tentamos poupar? As minhas propostas são obviamente modestas:

Comprar pão, fruta, legumes, ferragens, flores, carne e outros produtos pouco adaptados ao grande comércio generalista no comércio local. Em geral é melhor e mais barato.

Tomar a máxima atenção às armadilhas das promoções e descontos. O único preço a consultar é o actual, nunca o anterior. Em alturas de promoções e descontos nunca deve ser esquecida a lista e o planeamento das compras.

Nunca comprar uma produto de marca branca se não houver produtos de marca por perto. Pode ser que este tenha sido impedido de estar ali e isso é atentatório da concorrência. A médio e longo prazo podem desparecer as marcas próprias e só ficarem as marcas brancas a ditar os preços.

Manter, se possível, uma lista mental dos preços e especialidades mais interessantes de cada grupo comercial. Mas não esquecer que as coisas estão sempre a mudar e o grande comércio tem informação estatística de grande qualidade sobre nós, até porque lha fornecemos através da utilização de cartões de todo o tipo.

Finalmente, nunca é de mais repetir: deveremos comprar só aquilo que efectivamente precisamos. Na minha opinião, se não formos mesmo muito pobres, não vale a pena poupar na qualidade dos bens essenciais. Poupemos antes nas bolachas, doces, enchidos, gadgets e comer fora.

segunda-feira, abril 5

Portugal Blues 

Portugal é o único país azul em 2010, diz-me a OCDE.

Olhando para a figura (clicar para aumentar), vejo que isto significa que Portugal é o pior de uma lista de 40 países de todo o mundo, no que diz respeito ao "current account balance (% of GDP)”. Sou tuga e não percebo nada de economia, mas tenho uma vaga ideia de que este indicador é assim a modos que a puxar para o importante (parece que tem a ver com sair mais dinheiro de um pais do que aquele que entra - quanto mais negativo for, mais depressa um país está a empobrecer).

O gráfico, feito neste site da OCDE, também mostra que Portugal deverá continuar a ser o pior destes países em 2011 e que andou pelos 2ºs, 3ºs e 4ºs lugares pelo menos desde 2005. Curiosamente, dois países de que se ouve agora falar muito no telejornal (qualquer coisa a ver com bancarrota) ocuparam antes este 1º lugar do top: a Grécia em 2009 e a Islândia de 2005 a 2008. Curioso...

A "maior crise dos últimos 80 anos", utilizada recorrentemente pelo governo para justificar o actual estado da economia (bendita crise, veio mesmo a calhar!), não explica estes vergonhosos lugares cimeiros no top: porque havemos de ser nós os piores, se todos sofrem com a crise?

Já uma péssima governação, sim, explica tudo.


Adenda: "Foi uma crise séria, a maior crise dos últimos 80 anos. Portugal foi dos países que melhor resistiu a essa crise. Quero salientar que Portugal foi senão o quarto o quinto país, que resiste melhor à crise financeira e Económica mundial." - José Sócrates, 8/3/2010, na apresentação do PEC (minuto 11:00 do video).

Etiquetas:


This page is powered by Blogger. Isn't yours? Weblog Commenting by HaloScan.com