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segunda-feira, maio 30

A escolha do próximo domingo: "blue pill or red pill"? 

"A Matrix está em todo o lado. À nossa volta. Mesmo agora, nesta sala. Vemo-la quando olhamos pela janela ou quando ligamos a televisão. Sentimo-la quando vamos para o trabalho, quando vamos à igreja, quando pagamos os impostos. É o mundo que foi colocado diante dos nossos olhos para que não víssemos a verdade."

"Esta é a tua última chance. Depois não há como voltar. Se tomares a pílula azul, a história acaba e acordarás na tua cama acreditando no que quiseres acreditar. Se tomares a pílula vermelha, ficarás no país das Maravilhas e eu mostrar-te-ei até onde vai a toca do Coelho. Lembra-te, tudo o que te ofereço é a verdade, nada mais."

sábado, maio 28

“Querida, encolhi o pavilhão” 

Depois de usar indianos, paquistaneses, moçambicanos e chineses “pagos” para encher comícios (ver o vídeo), o PS passou a usar… lisboetas. Passei há pouco no pavilhão do OAF (Académica) na Solum em Coimbra, onde foi esta noite o comício do PS, e vi um rodopio de autocarros (vídeo1, vídeo2) a encherem-se de pessoas com bandeiras do PS. Perguntei para onde iam e responderam-me: para Lisboa. Vi 6 a 8 autocarros naquele momento (não tenho a certeza do número porque alguns estavam em movimento em torno do pavilhão).

Pouco antes tinha entrado no pavilhão. Na televisão, onde se falava de um “mar de gente”, o fundo negro por trás das bancadas deixou-me curioso: o que se esconde por detrás daquelas cortinas? A resposta correspondeu ao que eu esperava: mais bancadas, como se pode ver no vídeo abaixo.





Se se marca um comício para um pavilhão que dispõe de bancadas, para quê ter o trabalho de montar e depois desmontar outras bancadas (e cortinas, etc) transportadas em grandes camiões? O contribuinte português tem mesmo de andar a pagar subsídios aos partidos para montarem estas campanhas megalómanas que desperdiçam carradas de dinheiro, só para não parecer demasiado mal na TV a incapacidade de um grande partido encher um pavilhão desportivo de média dimensão?

Não seria mais honesto (e barato!) deixar este aparato artificial e reservar o comício para uma sala de reuniões que se pudesse realmente encher, com gente realmente de Coimbra?

E os socialistas revêem-se nesta palhaçada de aparências?



Adenda, 28/5/2011:
- Jornal de Notícias: "No dia em que teve mais ouvidos para o escutar - a "arruada" em Barcelos, a meio da tarde, foi a mais longa e concorrida até agora, e o comício da noite, em Coimbra, também teve uma enchente"
- Jornal i: "A aparição de Alegre em Coimbra foi bastante aplaudida por um pavilhão cheio de apoiantes."
- Expresso: "Num comício, ontem à noite, em Coimbra, o ex-candidato presidencial fez levantar o pavilhão da Académica por várias vezes."
- Sol: "no 'mini-estádio' montado dentro do Pavilhão da Académica, falando perante mais de mil pessoas." (noutro local lê-se que o "estádio-portátil" tem 700 lugares sentados; 8 autocarros cheios são cerca de 500 pessoas)
- Público: "Dentro do pavilhão, que estava lotado de apoiantes"
- Diário de Notícias: "Num pavilhão cheio (embora diminuído pelo cenário montado pela máquina de campanha)"
Adenda, 29/5/2011:
- SIC: "Foi até ao momento o maior comício dos socialistas nesta campanha; Coimbra dá ao PS o maior comício dos últimos dias"
- TVI24: "o histórico socialista insuflou de energia o Pavilhão da Académica, que esteve lotado"
- As Beiras: "Num pavilhão da Académica/OAF muito bem composto de público – nas hostes socialistas dizia-se mesmo que o comício conimbricense foi, até ao dia de sexta-feira, o melhor da campanha eleitoral"
- Diário de Coimbra: "José Sócrates falava no final do comício socialista que encheu o Pavilhão da Académica"
- como se vê neste vídeo e nestas fotos (agradecimentos aos Blogs "Mocho-III" e "O Rouxinol de Pomares"), há uma zona reservada aos jornalistas, que vêem o comício do lado de dentro. O número de lugares sentados dificilmente chega aos 700 e deixa pouco espaço para lugares em pé. O mesmo esquema foi usado pelo PS no mesmo pavilhão nas legislativas de 2009.
- O pavilhão dispõe de mais de 1500 lugares sentados, que davam e sobravam para sentar confortavelmente todos os presentes, sem gastar um tostão.
Adenda, 31/5/2011:
- RTP: "Um Megacomício em Coimbra" (minuto 10:58); "O maior comício da campanha socialista" (11:48)

sábado, maio 21

Grandes momentos: a aparente naturalidade 



Vivemos cada vez mais soterrados em informação. Quase não temos tempo para ver os títulos das notícias, quanto mais analisarmos em pormenor o texto de uma notícia e… parar para pensar um bocadinho.

Por vezes é preferível analisar com cuidado pouca informação, mas extremamente relevante, do que nos actualizarmos com as toneladas de spam que nos invadem o quotidiano (na qual incluo a publicidade disfarçada de notícias ou simplesmente informação irrelevante).

Esqueçamos assim por uns momentos as inúmeras notícias que nos distraem do que é importante e atentemos neste curto vídeo, que, embora possa não parecer, é verdadeiramente extraordinário. Nele, o nosso ainda ministro das Finanças explica-nos que “o dinheiro acaba em Maio” e diz, com ar de quem nos está a ensinar algo de evidente, o seguinte:


“não é possível um país sistematicamente estar a gastar oito, nove por cento acima daquilo que produz. É esse o aviso que nos estão a dizer. E é isso que está a ser dito aos portugueses: é que, meus amigos, não podem continuar a gastar oito, nove por cento mais do que aquilo que produzem.”.


Isto é evidente, é de La Palisse, qualquer um de nós diria o mesmo. Aliás, há anos que isto tem sido dito um pouco por todo o lado, com o governo a negá-lo sistematicamente até ter sido forçado a desistir de algumas das fontes de despesa que ajudaram a arruinar o país. O que torna este vídeo extraordinário é o facto da frase ser proferida, com toda a naturalidade, pela última pessoa que, juntamente com Sócrates, poderia fazer esta afirmação. É como se a frase não estivesse a ser dita pela pessoa cuja responsabilidade é precisamente zelar pelas contas públicas e controlar os gastos do país! A pessoa que tinha, juntamente com o primeiro-ministro, o acesso à melhor informação sobre o estado das nossas finanças e que por isso melhor podia prever, decidir e agir adequadamente, se o desejasse, sobre a evolução dessas mesmas finanças.

Ao vermos o vídeo, não nos limitamos a interpretar as palavras que nos entram pelos ouvidos: analisamos inconscientemente a pose, os gestos, a entoação e uma miríade de outros sinais do emissor. Neste caso esses sinais indicam tranquilidade e naturalidade e podem induzir o receptor a deixar-se levar por eles, não concluindo que aquela frase está em absoluta contradição com tudo o que antes aquele senhor disse e fez. Aquela naturalidade no falar foi pensada para transmitir segurança às pessoas que ainda acreditam nestes governantes, criando a aparência de que o que é dito é coerente com o que o governo disse antes. A naturalidade do falar ajuda a criar a ideia de que afinal a necessidade de pedir ajuda foi o desenrolar lógico dos acontecimentos que o precederam, nomeadamente da crise política desencadeada pelo chumbo do PEC IV. E assim quem ainda acredita nesta falsa imagem projectada pensa: “não, o descalabro das contas não teve nada a ver com Teixeira dos Santos, que foi apenas o ministro das Finanças, nem com José Sócrates, que foi apenas o primeiro-ministro nos últimos 6 anos. Não, o descalabro deve ser obra do chumbo do PEC IV. Ou talvez se deva a nós próprios (os contribuintes que no final pagam a crise e os abusos dos governantes), que afinal gastámos demais. Ou talvez se deva à irresponsabilidade da oposição, à crise mundial, às malvadas empresas de rating, aos implacáveis credores, aos gananciosos especuladores, à coligação negativa, à crise da dívida soberana ou ao discurso de Cavaco na tomada de posse ou a tudo isto ao mesmo tempo ou só a algumas coisas de cada vez. O que interessa é que não se pense que foi devido a… quem governou Portugal e tomou todas as decisões relevantes para o país ao longo dos últimos 6 anos.

Aquela naturalidade no falar é, toda ela, desfaçatez.

segunda-feira, maio 16

Reconhecer os erros para os corrigir 

É tão simples a receita para vencer esta crise, trata-se de simples bom senso. Reconhecer um erro permite-nos emendá-lo ou evitá-lo no futuro. Não o reconhecer, procurando falhas em tudo o resto, apenas faz com que o erro não seja corrigido. E assim ele eterniza-se e nunca se sai da cepa torta.

Senhores jornalistas, senhores políticos, sempre que estiverem com o nosso primeiro-ministro, perguntem-lhe se ele reconhece erros na sua governação. Se ele tentar fugir à pergunta, não se deixem levar e insistam: houve ou não erros de governação? Se ele voltar a fugir à pergunta, falando de tudo o resto, da crise ou da irresponsabilidade da oposição, voltem a perguntar até ele finalmente responder o que é evidente: sim, houve erros de governação.

E depois, senhores jornalistas e senhores políticos, não se fiquem por aí. Esmiúcem. Se houve erros de governação, quais? Obriguem o primeiro-ministro a dizer quais foram. Um a um. E depois para cada um desses erros, obriguem-no a explicar o que correu mal e como se pode fazer para corrigir ou minorar o erro. E façam com que ele explique porque é que tendo chefiado o governo não o fez. E depois façam-lhe perguntas sobre os erros que ele não for capaz de reconhecer. Sejam exaustivos.

É tão simples. Chegámos aqui porque errámos. Para sairmos daqui precisamos de perceber onde errámos e aprender com os erros. Puro bom senso.


Repare-se neste excerto do debate entre Paulo Portas e José Sócrates (minuto 7:54, os comentários entre parenteses rectos são meus):

Judite de Sousa: Mas não reconhece erros na sua governação que dura há 6 anos? [a pergunta tinha já sido feita ao minuto 7:30 mas não tinha sido respondida]

José Sócrates: Desculpe, o que eu acho é que nestes últimos 3 anos o país enfrenta, tal como todos os países desenvolvidos, uma séria crise internacional, gravíssima. E o governo tem feito o seu melhor para lhe responder. Certamente que quem age pode vir a cometer erros. Mas o governo não pode ser acusado de não ter feito o seu melhor em 2009, e tivemos em 2009 uma recessão que foi inferior às restantes economias europeias, e tivemos em 2010 que fazer um esforço para fazer frente às dívidas soberanas, mas agora digo-lhe uma coisa: o Dr. Paulo Portas que só fala da crise da dívida, perguntemos ao Dr. Paulo Portas então...[e muda de assunto.]


Se fazendo "o seu melhor" este governo conduziu-nos à bancarrota, então estamos conversados, estes governantes não são suficientemente bons. E certamente que quem age pode cometer erros, mas é bom que os reconheça depois! E não basta agir, é preciso agir bem! Por outro lado, é provável que em 2009 a recessão tenha sido menor em Portugal do que em algumas (e não "as restantes") economias europeias por termos andado iludidos demasiado tempo, adiando o inevitável e continuando a gastar demasiado.

Se fosse verdade que este governo é bom e que deu o seu melhor, então a mensagem de Sócrates, especialista em atirar optimismo para os nossos olhos, não podia ser mais negativa e desanimadora: "com um bom governo, que deu o seu melhor, chegámos à bancarrota. Continuem a votar em nós." Mas se fosse verdade que os nossos problemas resultaram da crise internacional e não de um mau governo, como se explica que Portugal será o único país do mundo em recessão em 2012, como também já referi aqui?

Eu tenho esperança que este país mude para melhor. Mas para isso ele não pode continuar na mesma e tem de perceber onde errou.


Adenda 20/5/2011 - Esta notícia de hoje vem mesmo a propósito:
"Crise: ajustamento económico adiado em 2010 explica pedido de ajuda"
"A culpa do pedido forçado de ajuda externa feito por Portugal não é só da crise financeira internacional e da crise da dívida soberana europeia, defende o Banco de Portugal."

terça-feira, maio 10

Já estou como o Morrisey. 

Deixem-me ser um bocadinho lírico. Dedico esta música ao nosso querido PM.



"Margaret on the guillotine"
(Morrisey, 1988 - dedicado a Margaret Thatcher, na altura PM)

The kind people
Have a wonderful dream
Margaret On The Guillotine
Cause people like you
Make me feel so tired
When will you die ?
When will you die ?
When will you die ?
When will you die ?
When will you die ?

And people like you
Make me feel so old inside
Please die

And kind people
Do not shelter this dream
Make it real
Make the dream real
Make the dream real
Make it real
Make the dream real
Make it real.



Adenda, 16/5/2011: (Penso que este disclaimer é desnecessário, mas nunca fiando...) Obviamente ninguém está a falar da morte física, mas sim da morte política. Um rolar de cabeças no PS após as eleições só faria bem ao partido e ao país. Só é pena não nascer do próprio partido...

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